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IGREJA: LUGAR DE SERVIÇO

Nós , a igreja, fomos redimidos pela graça de Deus. Por meio da fé, nós somos salvos (Ef 2.8). Não há mais nada a fazer para encontrarmos o favor de Deus. É presente de Deus, não é por causa de nenhuma obra que realizamos. O Senhor, por sua graça, nos tornou justos diante dele.

Entretanto, durante a história, muitos irmãos e irmãs tiveram dificuldade de relacionar o discípulo de Jesus, justificado, e a prática das boas obras, a prática do serviço.

Por exemplo, na carta que Tiago escreve aos que haviam fugido da perseguição em Jerusalém, ele afirma: “Você tem fé; eu tenho obras. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras”. Parece que já no 1º século havia dúvidas quanto à dinâmica da fé e do serviço.

O ponto é: não alcançamos a justificação ao praticarmos boas obras. Os que foram justificados praticam as boas obras. Aqueles que foram justificados se dão ao serviço.

Foto: Ake/Rawpixel

Por isso, nós, como comunidade de discípulos, somos lugar de serviço. Deus deseja que entre nós haja a dinâmica do serviço. Que sejamos, como igreja, lugar de serviço. Para nos auxiliar na compreensão do serviço, duas perguntas.

1a pergunta: A quem nós servimos?

A resposta parece óbvia. Nós servimos a Deus. Contudo, o serviço a Deus acontece no serviço ao próximo. Não há outro caminho para servir a Deus se não servindo quem está próximo de nós, porque, em primeiro lugar, Deus é plenamente satisfeito em si. Ele não necessita de nada que poderíamos oferecer, servir a Ele. O nosso serviço não é, literalmente, a Deus porque Ele não tem nenhuma necessidade a ser suprida.

Em segundo lugar, porque o próprio Jesus disse que seria assim. Em Mateus 25.31-46, ao dizer sobre o julgamento das nações, Jesus afirma que o Rei se dirigirá às nações e dirá que houve um tempo em que ele, o Rei, teve fome, teve sede, foi estrangeiro, esteve preso e enfermo e que alguns o serviram. Alguns deram de comer, de beber, serviram, foram visitá-lo. Enquanto outros não. A questão que incomoda aqueles a quem o Rei se dirige é: “Quando foi que vimos o senhor assim?”. Jesus, afirma que o Rei dirá que quando viram o próximo assim, viram o Rei. O Rei diz que o que eles fizeram ou deixaram de fazer a algum dos seus menores irmãos, deixaram de fazer ou fizeram ao próprio Rei. A nossa prática de serviço ou nossa negligência tem relação com o Senhor, com o Rei. Servimos a Deus servindo os seres humanos que estão ao nosso alcance.

Ao falarmos de serviço, não se trata exclusivamente de salvar a alma do ser humano que está próximo de nós. Isso é importante e faz parte do nosso horizonte, da nossa atuação enquanto discípulos de Jesus. Mas só é possível “salvar a alma” de alguém se houver alguém diante de nós.

O serviço passa por cuidar do ser humano em suas necessidades aqui. Porque é aqui, neste corpo, que existe a possibilidade de experimentar Deus. É no corpo. Se o corpo morrer e desaparecer, morre a possibilidade de conversão, de comunhão, etc.

A igreja de Jesus é local de serviço integral, pois:

  • nós somos discípulos de Jesus e servimos a Deus Pai;
  • à semelhança de Jesus, não viemos para ser servidos, mas para servir;
  • o serviço a Deus só é possível servindo os que estão próximos de nós.

2a pergunta: Quem completa a obra do nosso serviço?

O nosso serviço é reflexo do amor de Deus derramado em nós. O nosso serviço é parte do nosso processo de imitação de Jesus que veio para servir e não para ser servido.

Nossa função é o privilégio de servir. O próprio Deus há de terminar, de concluir a obra, o serviço. É responsabilidade da Trindade, do nosso Deus, concluir a obra.

No relato dos Atos dos Apóstolos, conta-se da igreja primitiva que servia. Igreja que se reunia em comunhão, para se alimentarem juntos, igreja onde não havia nenhum necessitado, que proclamava o evangelho. Quer prática de serviço mais radical do que essa? Serviam ao ponto de não haver necessitados no meio deles.

O resultado era que aquela igreja, local de serviço, contava com a simpatia do povo! E “o Senhor ia acrescentando, todos os dias, os que iam sendo salvos”. Aquela igreja, sendo local de serviço, era o local de reunião daqueles que o Senhor tornava justos, justificados.

Nós devemos servir sem a preocupação (não sem a intenção) de converter alguém. A igreja de Jesus é local de serviço integral, pois, assim, podemos ser meio para que Deus alcance e justifique outros que serão acrescentados à nossa comunhão.

Que o Senhor, por sua Graça, nos ajude a ser uma igreja que serve.

André Ribeiro de Oliveira